domingo, 9 de janeiro de 2011

Meu rádio só tem uma estação
E todas as músicas me lembram você
Você me troca
- E nem me toca -
Me ignora
E chama minha atenção.
Seu humor me remete à uma montanha-russa
Que me faz ter medo de altura.
Você não sabe de nada que eu sei
Nada do que eu sinto
Sobre corações, você nada conhece
Não te amo
Não te odeio
Não suporto sua rispidez
Sua independência
Sua irresponsabilidade com meu coração
Você me faz querer armar uma cena
Típica de tragédias de Shakespeare
Me vejo como louca irritando o porteiro do seu apartamento
Me deixe entrar
Não deixe eu me perder
Deixa eu fazer poesia com você
Me deixe te amar
Me deixe te
Me deixe.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Novo blog

Olá, pessoal.
Criei um novo blog, o endereço é esse aqui:
http://www.emluacrescente.blogspot.com

É só mais um ponto de encontro para a poesia do dia-a-dia. Dêem uma passadinha lá!
Até mais!

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Entre(,) poesia


Num certo lugar muito e muito distante daqui...

-Olhe essa frase! É muito bonita: "Vou olhar os caminhos, o que tiver mais coração, eu sigo."

-Permita-me tirar uma dúvida poética....

-Qual?

-Você acredita que há corações pelos caminhos que a gente anda na vida?

-Sim. Inclusive, tenho buscado viver em meio à corações...

-O que seria viver em meio à corações, num mundo em que eles parecem existir em tão pouca quantidade?

-Algo que me soa como quase a uma vivência poética...

-Talvez seja isso que os poetas busquem. Mas, o que seria isso exatamente?

-Não sei. Os poetas buscam tantas coisas que nunca serão suficientes para transformá-las em palavras...


(Antônio Alberto P. de Almeida e Fernanda Grimaldi)

sábado, 11 de setembro de 2010

Companhia

Minhas mãos falam por mim
Afagam, saciam, ferem.
Idolatro o poder dos meus dedos
Cada um deles
Brindo a evolução
Por conceder-me polegares
Opositores
Pintores
Atores
Dedos doces
Dossiê de informações
Trabalho manual de peso
Esse de parir palavras pelos dedos
Junção de unhas e dentes
Para externar o desejo
Para enrolar nos dedos
Os segredos dos cabelos
Para segurar com força
Outras mãos que sentem medo
Sentir a pele
O pêlo
E o elo que o tato constrói
Em noites frias
Em quentes leitos
Minhas mãos sobrevivem
A todos os ensejos
Benditas mãos
Por amarem o mundo
Suportarem o toque
Oferecerem o pão
E principalmente
Por dar-me auxílio
Em conjunto com o destino
Trazendo em cada palma
As linhas que me cedem
A direção.

domingo, 29 de agosto de 2010

Sina


Nasci para escrever em verso
Mas evito
Às vezes, nem o faço
Fujo da obrigação
Finjo que perco a hora
É difícil lidar com emoção
Com a pretensão da métrica
Da rima, do bom vocabulário
Do português bem empregado
Da fuga da poesia panfletária

Quem nasceu para escrever em verso
Também se preocupa com o horário
Com a aparência, em ser honrado
Que me perdoem os modernistas
Mas quem se expõe, quer ter estima
Não importa o teor publicitário
Nem o ideólogo engajado

Para aprender a escrever em verso
Precisa conhecer-se
Metade, cheio, vazio, inteiro
Inverso.

sábado, 14 de agosto de 2010


Todo mundo deveria se permitir um pouco.
Não me pergunte o que isso significa e quais são as suas vantagens, porque eu não sei ainda. Mas sempre ouvi dizer que se permitir é bom. Deve ser mesmo, pois a própria palavra já faz surtir um sopro de liberdade no peito.

Eu não sei me permitir ainda.
Eu queria conhecer a pessoa que disse isso pela primeira vez. Talvez ela me ensinasse. Ou talvez ela me dissesse que a gente aprende a se permitir sozinho. Ou talvez ela também não saiba o que significa, mas gosta da palavra e vê na "permissão" um conselho valioso para quem se sente preso.

Eu sei permitir.
Tanto que às vezes permito coisas que sempre me dizem que eu não devo permitir. Eu sempre sei, no fundo, que não devo. Mas permitir é comigo mesma.

Acho que entendi: só vou me permitir de verdade quando eu parar de permitir o que permito. É isso?
Como agora, mesmo, que eu permiti que ele voltasse para a minha vida, e isso me dá uma dor danada. Dá nada, eu gosto, não vou mentir. Eu gosto desse nosso cantinho permissivo. Só não gosto quando ele não dorme em casa, ah, isso não. Mas é assim mesmo. Ele se permite.


Um dia eu aprendo a me permitir também.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Eu gosto é de papel e lápis
Pra tornar definitiva
Toda a minha vida
Feita de rascunhos.