sábado, 11 de setembro de 2010

Companhia

Minhas mãos falam por mim
Afagam, saciam, ferem.
Idolatro o poder dos meus dedos
Cada um deles
Brindo a evolução
Por conceder-me polegares
Opositores
Pintores
Atores
Dedos doces
Dossiê de informações
Trabalho manual de peso
Esse de parir palavras pelos dedos
Junção de unhas e dentes
Para externar o desejo
Para enrolar nos dedos
Os segredos dos cabelos
Para segurar com força
Outras mãos que sentem medo
Sentir a pele
O pêlo
E o elo que o tato constrói
Em noites frias
Em quentes leitos
Minhas mãos sobrevivem
A todos os ensejos
Benditas mãos
Por amarem o mundo
Suportarem o toque
Oferecerem o pão
E principalmente
Por dar-me auxílio
Em conjunto com o destino
Trazendo em cada palma
As linhas que me cedem
A direção.

2 comentários:

  1. Muuuuito bom, xu!
    Muito! Amei!

    "Trabalho manual de peso
    Esse de parir palavras pelos dedos"
    Genial! =D

    Beijão e parabéns!

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  2. Oi, Fernanda. É sempre bom ler seus poemas. "Para enrolar nos dedos Os segredos dos cabelos". Genial a construção.
    Beleza pura.
    Abraço.

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