Depois de mais de uma hora de conversa, encontramos, enfim, semelhanças e gostos em comum. Me olhou fundo nos olhos, como se mergulhasse na profundidade escura da minha íris. Eu gostava dessa invasão.

- O que você está pensando? - Perguntou-me.

(Curiosa a sua pergunta, pois tu não imaginas o quanto já foi difícil poder olhar tão fundo nesse céu que tens na face. Estou pensando em como eu poderia passar a vida toda assim, te olhando, sem ter noção do passar do tempo, aguçando todos os meus sentidos no momento que toco sua pele feita em seda; que ouço sua voz como esplêndida orquestra; que sinto seu cheiro que mais parece o desabrochar de uma divina flor de aroma doce e forte; que provo teu gosto, degustar de um vinho raro, que me embriaga e me desnorteia à procura do seu Norte. Mas os seus olhos... seus olhos conseguem unir todos os sentidos em um só. Concentre-se e leia-me por inteira...)

- Meu bem, se não consegues saber o que penso só de olhar-me nos olhos, sinto muito, mas não existirão palavras no mundo que traduzam o que eles dizem.