segunda-feira, 2 de março de 2009

Verossímil


Ela não sabia o que fazer e decidiu esperar. Queria tomar um café. Tomou. Tornou a esperar. Levantou e olhou a janela do 7º andar. Pensou que seria engraçada a sensação de se jogar dalí de cima. Mas logo começou a rezar para que essas idéias não viessem mais à sua mente, afinal, adorava estar viva e sentir-se viva, coisa que acontecia raramente, mas ainda assim, valia à pena. Rezava e acreditava em cada palavra que falava. E lembrou que em segundos atrás, resolveu esperar. Sentou. Levantou. Tornou a sentar. Imaginou como seria se ela dispusesse de um carro agora. "Hum, eu não perderia tempo". Resolveu não perder mesmo e foi até o seu guarda-roupa pegar uma caixinha cor-de-rosa de porcelana. Segurou aquele papel, abriu, olhou. Pensou. Daí ligou. "Oi, tudo bem, o que tem feito"... Ouviu um "saudade" do outro lado da linha. Sorriu. "Saudade também". E para encurtar prosa, em uma hora ele estaria alí, ao seu lado, nos seus braços novamente. Sentia o corpo tremer. Depois não conseguia sentir mais nada, e nem pensar também. Passou roupa e perfume, escolheu brinco e sapato, e logo estava pronta para encenar uma das suas personagens mais instáveis e fiéis à sua própria vida.

Um comentário:

  1. É sempre bom quando é natural assim.
    Parece que tudo se encaixa.
    Uma ligação.
    Ambos dispostos.
    A saudade imperando...
    É massa!

    Beijos, meu bem.

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